III IMPERIVS: A Reportagem

13-04-2018

III IMPERIVS: A Reportagem

No passado fim de semana teve lugar o III IMPERIVS, festival de tunas organizado pela Imperial TAFFUC. À semelhança dos dois anos anteriores, o festival não se ficou por apenas dois dias dedicados à música e tradição, começando na quinta-feira com um convivío na Cantina dos Grelhados, junto aos Jardins da AAC, espaço que acolheu também os restantes convívios após as atuações.


Nesta terceira edição, o certame contou com a participação de quatro tunas masculinas, todas uma estreia neste festival, sendo elas:

EACB - Estudantina Académica de Castelo Branco

FAN-Farra Académica de Coimbra

TAFEP - Tuna Académica da Faculdade de Economia do Porto

Versus Tuna - Tuna Académica da Universidade do Algarve


Para além destas tunas, o festival teve ainda a participação de três grupos convidados: o Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra (na noite de serenatas), a Orquestra Típica e Rancho da Secção de Fados da AAC (que abriram a noite do espetáculo) e a TFMUC - Tuna Feminina de Medicina da Universidade de Coimbra (que faz a sua terceira participação neste festival, também na noite do espetáculo).

Na noite de sexta feira as tunas e grupos convidados participaram na Noite de Serenatas, que teve lugar no Colégio de Jesus, um dos espaços emblemáticos da centenária Universidade de Coimbra, fazendo parte do seu Museu da Ciência. O espaço encontrava-se completamente cheio, tendo a sua arquitetura contribuído para embelezar ainda mais as músicas ouvidas nessa noite. Terminadas as serenatas, quer os participantes quer os espectadores se dirigiram para o local do convívio, onde se ouviram até às altas horas da madrugada os acordes de músicas conhecidas por todos, tocadas pelos grupos convidados e a concurso, proporcionando bons momentos de convívio inter-tunas.

Passando agora para a grande noite de espetáculo, este decorreu sábado, a partir das 21h no Teatro Académico Gil Vicente, a grande casa dos festivais de tunas em Coimbra. A sala encontrava-se praticamente esgotada, com um público bastante participativo e acolhedor, fazendo com que as tunas, mesmo as não de Coimbra, se sentissem em casa.


O espetáculo começou com a Orquestra Típica e Rancho da Secção de Fados da AAC, um grupo que visa dar a conhecer a mais antiga tradição coimbrã, tocando e dançando um repertório tradicional composto por danças e cantares da região, de finais de século XIX e século XX. Foi claro o interesse do público em ver um grupo que escapa ao que normalmente é visto num festival de tunas. O grupo apresentou diversos temas, entre os quais o muito conhecido “Vira de Coimbra”, terminando com um apelo à participação e envolvimento dos estudantes em grupos académicos.


A esta atuação seguiu-se um curto vídeo de cariz cómico, dando-se de seguida início à atuação da FAN-Farra Académica de Coimbra. A jogar em casa, cativaram o público com uma atuação divertida, onde durante a apresentação entre as diversas músicas contaram a história da origem do grupo, bem como a sua ligação com a tradição académica. O grupo, que preza por dar a conhecer a tradição coimbrã sempre com irreverência iniciou a sua atuação com um tradicional fado de Coimbra. Prosseguiram com um medley composto por uma música instrumental e um tema dedicado à equipa de futebol da cidade dos estudantes, intitulado “Briosa”. Durante este tema, a tuna apresentou momentos humorísticos, marcados pela interação dos pandeiretas com a restante tuna e o enquadramento das coreografias com a letra da música. Após este tema, seguiu-se uma música de solista, num registo mais formal, e de seguida uma música dedicada aos caloiros e à tradição praxística da academia de Coimbra. Terminaram a sua atuação com o tema “Mondego”, um tema original, embelezado pela prestação dos pandeiretas e estandarte.



Após um novo sketch em forma de vídeo deu-se início à atuação da Versus Tuna - Tuna Académica da Universidade do Algarve. Começaram a sua atuação com um tema original, “Faro Estudante”, que fala sobre ser estudante da sua universidade e ser parte integrante da tuna. Seguiu-se um novo tema original, “Quando a Noite Chegar”, e depois um tema instrumental, girando este em torno do bandolim e da sua sonoridade. A sua prestação continuou com a sua música de solista, “Menino D’Oiro”, de Zeca Afonso e terminou com mais um tema original. A sua atuação foi muito marcada pelo porta-estandarte da tuna que encheu a mesma e cativou todo o público.


Já recuperado da primeira parte do espetáculo, o público pôde ouvir a atuação da TFMUC - Tuna Feminina de Medicina da Universidade de Coimbra. Esta tuna, numa atuação mais curta, apresentou três temas originais em palco, dedicando a sua música de solista, “Feitiço de Amor” à Imperial TAFFUC, os seus afilhados, tendo oferecido também fitas à tuna organizadora, um gesto tradicional dentro da própria TFMUC, em que as madrinhas entregam fitas às suas afilhadas. Terminaram a sua atuação com o tema “Em Pedaços”, que fala sobre a tradição coimbrã do rasganço.

De seguida entrou em palco a TAFEP - Tuna Académica da Faculdade de Economia do Porto, que se apresentou em palco com um elevado número de elementos, bem como muito apoio por parte do público. Esta tuna iniciou a sua atuação com um tema inicialmente declamado passando depois para um registo mais animado, acompanhado por pandeiretas e porta-estandarte, sobre a saudade que fica do tempo passado em tuna. Passaram, durante a sua atuação, por temas em espanhol e também em português com sotaque brasileiro, com uma grande diversidade de temas apresentados. O seu instrumental, com bastantes variações em termos de dinâmicas e ritmo foi um dos pontos altos da prestação desta tuna.


A última atuação a concurso foi da responsabilidade da EACB - Estudantina Académica de Castelo Branco, que se apresentou com bastantes elementos em palco e uma elevada qualidade musical e vocal, o que lhes valeu diversos prémios no final da noite. Começaram por apresentar o seu tema original, como que um hino à sua tuna. Depois, passaram para o seu tema instrumental, “Balalaica”, passando de seguida para um registo mais popular, com a canção tradicional portuguesa, com o tema “Lisboa não sejas Francesa”. Seguiu-se depois um registo mais calmo, incluindo um tema inicialmente acappella. Terminaram a atuação com a sua música de solista, “Adeus que me vou embora”.

Coube à Imperial TAFFUC encerrar o festival, subindo a palco no fim e sendo imediatamente acarinhados pelo público, que recebeu com bastante entusiasmo a tuna organizadora. Iniciaram a sua atuação, toda composta por originais, com o tema “IMPERIVS”, uma música com um ritmo marcado, semelhante a uma batalha. Continuaram a sua atuação com a sua mais recente serenata, “À Deriva”, seguindo-se um tema bastante mais ritmado e animado, “Cidade de Fitas”, que fala sobre a cidade de Coimbra. Prosseguiram com a apresentação da sua música de solista, apresentada na segunda edição do Imperivs, “Lágrimas de Maio”, um fado de Coimbra, num registo mais tradicional. Apresentaram de seguida o seu novo original, “Dois Mil e Sete”, ano de formação desta tuna. Após esta música, convidaram todos os antigos membros da Imperial TAFFUC a subir a palco, para os acompanhar nas três últimas músicas da sua atuação, “Caloiro Imperial”, “Serenata Imperial” e “Pr’ó Ano Há Mais”, músicas já bastante conhecidas desta tuna e que o público não deixou de acompanhar com aplausos. Finda a atuação da Imperial TAFFUC, deu-se a entrega dos prémios.

Os prémios foram atribuídos da seguinte forma:
Melhor Instrumental : Estudantina Académica de Castelo Branco

Melhor Original : FAN-Farra Académica de Coimbra

Melhor Porta Estandarte : Versus Tuna

Melhor Pandeireta: TAFEP - Tuna Académica da Faculdade de Economia do Porto

Tuna Mais Tuna : TAFEP - Tuna Académica da Faculdade de Economia do Porto

Melhor Solista : Estudantina Académica de Castelo Branco

Melhor Serenata: FAN-Farra Académica de Coimbra

Melhor Tuna : Estudantina Académica de Castelo Branco


Termino esta reportagem com a certeza de duas coisas: a saudade que vai ficar na memória dos presentes desta terceira edição do IMPERIVS, e a certeza de que, tal como diz o original da Imperial TAFFUC, “Pr’ó Ano Há Mais”!